Rio - Nesta segunda-feira, numa reação à aliança do PSB com
o PT no Rio, que deu fôlego à candidatura do senador petista Lindbergh Farias
ao governo do Estado, o PMDB fluminense anuncia a formalização de acordo com o
ex-prefeito Cesar Maia, do DEM, que vai disputar o Senado na chapa encabeçada
pelo governador Pezão.
Para viabilizar a coligação, o ex-governador Sérgio Cabral
(PMDB) decidiu abrir mão de concorrer à vaga de senador, dando lugar a seu
desafeto político. A desistência de Cabral foi antecipada sábado no Informe do
DIA . O ex-governador não deverá se candidatar a nenhum cargo na eleição.
O prefeito do Rio, Eduardo Paes, do PMDB, chamou neste
domingo de “bacanal eleitoral” a aliança entre o PMDB fluminense, o DEM e o
PSDB em torno da reeleição do governador Luiz Fernando Pezão. “Depois da
suruba, o que se vê agora é o bacanal eleitoral, e o Rio não pode ser vítima
dele”, afirmou Paes, em nota divulgada no início da noite de ontem por sua
assessoria.
Contrário ao acordo, Eduardo Paes defendeu que o PMDB apoie
a reeleição da presidenta Dilma Rousseff, do governador Pezão e de Francisco
Dornelles ao Senado “ para que o Rio de Janeiro não corra o risco de voltar a
ser um campo de batalha, onde o maior prejudicado é o cidadão”. Ex-afilhado
político de Cesar Maia, a quem substituiu na prefeitura, Paes alegou que a
parceria entre “a prefeitura, o presidente Lula e o governador Cabral — e agora
a presidenta Dilma e o governador Pezão — tem permitido tirar do papel projetos
há décadas prometidos e inviabilizados justamente pelos constantes
desentendimentos entre governantes anteriores”.
As negociações para a formalização da aliança do PMDB de
Cabral com o DEM de Cesar Maia tiveram à frente o candidato do PSDB à
República, senador Aécio Neves, e o presidente do PMDB do Rio, Jorge Picciani.
Apesar de ala expressiva do PMDB fluminense ter lançado o movimento ‘Aezão’,
que combina o voto no presidenciável tucano e em Pezão, tanto Cabral quanto o
governador garantem apoio à reeleição da presidenta Dilma.
Há cerca de duas semanas, Aécio Neves tentou convencer Maia
de desistir de sua pré-candidatura pelo DEM ao governo do estado. Era o caminho
para que o PSDB do Rio se unisse à candidatura de Pezão. Maia resistiu e só
concordou agora depois que Cabral cedeu a vaga. “O PSDB é um partido pequeno no
Rio e essa coligação fortalece a candidatura do Aécio, que agora terá um bom
palanque aqui”, disse a vereadora tucana Teresa Bergher. Mas parte do PSDB do
Rio também estaria resistindo à aliança com o DEM e ameaça não fazer campanha
para o ex-prefeito.
Lindbergh pede moderação na campanha
Acusado por correligionários de promover uma “suruba” ao se
aliar ao PSB do presidenciável Eduardo Campos, o senador Lindbergh Farias pediu
ontem “moderação” na linguagem usada nas campanhas eleitorais. “Vamos fazer o
debate com modos. Bacanal eleitoral é muito forte”, observou o petista,
candidato ao governo do Rio.
Para aliados de Lindbergh, a sua campanha sairá fortalecida
com a aliança do PMDB fluminense com o DEM e o PSDB. Motivo: a presidenta Dilma
Rousseff, que vinha fazendo campanha para o governador Luiz Fernando Pezão, terá
agora que obrigatoriamente subir no palanque do petista.
A avaliação é que Dilma deverá passar a apoiar
ostensivamente Lindbergh a medida em que ficar nítido o envolvimento de Pezão
na campanha do tucano Aécio Neves. Formalmente, Dilma tem o PMDB em sua base,
mas o ‘Aezão’ articulado por Jorge Picciani esvaziou o apoio.
Já interlocutores de Pezão acreditam que a aliança do PSB
com o PT do Rio acabará enfraquecendo a campanha de Dilma no Estado. Afinal, a
presidenta terá de dividir o palanque com o adversário Eduardo Campos, uma vez
que que o Romário disputará o Senado na chapa de Lindbergh.
A crise no PMDB.
Ao classificar de “bacanal eleitoral” o acordo com Cesar
Maia, Eduardo Paes expõe divergências no PMDB e antecipa a possibilidade de
rompimento entre seu grupo e o liderado por Sérgio Cabral e por Jorge Picciani,
presidente do partido no estado. A aliança com Maia, seu adversário, fez o
prefeito detonar uma crise prevista para estourar apenas depois da eleição: não
é descartada a possibilidade de ele, num futuro próximo, deixar o PMDB.
Um dos problemas está relacionado à sucessão de Paes. O
prefeito defende a candidatura do deputado Pedro Paulo Teixeira; Picciani
articula a vaga para seu filho Leonardo Picciani, deputado federal. O
presidente do PMDB-RJ quer também que seu filho mais novo, o deputado estadual
Rafael, assuma a presidência da Assembleia Legislativa. O peemedebista Paulo
Melo, atual presidente, quer ficar no cargo.
A entrada de Maia na chapa do PMDB-RJ reforça a ligação do
diretório estadual do partido com a candidatura de Aécio Neves, apesar das
juras de fidelidade feitas a Dilma Rousseff por Pezão e Cabral. No dia 11, o
‘Informe do DIA’ revelou que o PMDB negociava a entrega da vaga de candidato ao
Senado ao ex-prefeito, mas temia a reação do governo federal, que não engolira
o movimento ‘Aezão’.
Reportagem de
Eugênia Lopes